O novo post no Blogue ATS é da autoria de Joana Sá Couto (doutoranda no ICS-ULisboa, e integrada na equipa do projecto RIVEAL – Valores e serviços dos ecossistemas fluviais e das florestas ripárias em paisagens fluviais alteradas e futuros climáticos incertos, na mesma instituição) e trata o tópico “Uma etnografia da comunidade piscatória de Setúbal: em defesa de uma antropologia de envolvimento”.
“Em 2017, após ter obtido as devidas autorizações das entidades para estar nos locais da lota, os primeiros dias de trabalho de campo foram difíceis e silenciosos. Na muralha da lota, vendo os barcos a descarregar, movimento de pescadores, “Bons dias” não respondidos e olhares desconfiados em relação ao meu caderno, cedo percebi que não me devia oferecer para ajudar nas descargas. É o trabalho dos “ajudas”, que recebem para descarregar o peixe dos barcos, pesá-lo, e guardá-lo para o leilão das 20:00h desse dia. Partilhei com eles muito tempo, tornando-os verdadeiros ajudas também para mim, com comentários como “A menina disse-te bom dia, oh. És mal-educado?”.”