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Apresentação do livro “20 Anos de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade Ponto Verde”

Dia 28 de Fevereiro de 2019, terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian o lançamento do livro “20 Anos de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade Ponto Verde”, por Luísa Schmidt, investigadora principal do Observa, no ICS-ULisboa. O livro é da autoria de Luísa Schmidt, Pedro Prista, Pedro Vieira e David Travassos, e será apresentado na Conferência Economia Circular | Pensar o Futuro de Forma Circular, organizada pela Sociedade Ponto Verde, com início às 10h.

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Sumário Executivo do Livro “20 Anos de Investigação e Desenvolvimento na Sociedade Ponto Verde”

Desde a sua origem, há 21 anos, a Sociedade Ponto Verde (SPV) assumiu a missão de promover um programa de investigação & desenvolvimento (I&D). Este programa acaba de ser sujeito a uma avaliação a cargo de uma equipa multidisciplinar do Instituto de Ciência Sociais da Universidade de Lisboa, coordenada por Luísa Schmidt.

Numa análise sobre os diversos programas de I&D nestas duas décadas teve-se em consideração duas etapas: a fase dos primeiros anos, onde a SPV, ainda sem experiência de actividade que fundamentasse a selecção de orientações estratégicas, procurou suscitar de forma alargada o interesse da comunidade científica e das empresas do sector para esta problemática; e uma segunda fase, em que a experiência adquirida já permitiu a melhor definição de prioridades, níveis de exigência e regras de procedimento, as quais se encontram, aliás, em aprofundamento.

A avaliação dos programas de I&D da SPV foi orientada segundo cinco critérios – relevância, efectividade, eficiência, alcance e resultantes – adaptados a partir do modelo consagrado pela OCDE para avaliação de projectos de desenvolvimento.

A aplicação deste modelo permitiu a avaliação de cada projecto individualmente e também comparativamente entre si, em função da evolução da política de I&D da SPV, e de alguns campos temáticos em torno dos quais grande parte dos projectos se agrega, tais como o dos plásticos e o das embalagens. Permitiu também apurar quais os elementos estruturais dos vários projectos que foram menos atendidos.

No período em análise, entre 1999 e 2016, foram aprovados 31 projectos de I&D pela SPV. Quase dois terços dos projectos (20 em 31) foram aprovados antes de 2005. Excluindo sete projectos nunca iniciados, a taxa de execução cifrou-se em 88%, com a conclusão de 22 projectos, consubstanciada na entrega dos respectivos relatórios finais. O montante de apoio médio foi de 165 mil euros, embora com uma grande disparidade, abrangendo projectos de investigação fundamental orientada, investigação aplicada, desenvolvimento experimental e design.

A partir de 2008, o programa de I&D da SPV intensificou as sinergias, com um aumento significativo da participação de instituições universitárias em colaboração com empresas privadas ou públicas e com autarquias, tendo também crescido o número de projectos envolvendo mais do que uma entidade proponente.

A participação de instituições universitárias teve, aliás, um peso significativo no programa de I&D sobretudo a partir de 2005. O programa de I&D da SPV apoiou 11 projectos envolvendo instituições universitárias, em alguns casos mais do que uma. Outras entidades públicas – como autarquias ou empresas municipais e multimunicipais – participaram em nove projectos, enquanto outras entidades privadas, sobretudo empresas, estiveram envolvidas em 18 projectos, ou seja, na sua grande maioria.

Quanto à produção científica destacam-se, além da publicação de artigos científicos em revistas internacionais e nacionais, bem como de participações em conferências:

  • Duas teses de doutoramento, resultantes dos projectos ‘Recuperação e Valorização de vidro a partir do rejeitado pesado do tratamento mecânico-biológico’ e ‘Benchmarking de diferentes sistemas de recolha de RSU’.
  • 10 teses de mestrado, das quais duas do projecto ‘Avaliação do ciclo de vida das embalagens em Portugal’; uma tese do projecto ‘Separação mecanizada de granulados de plásticos da recolha selectiva’; outra do projecto ‘Aplicação da vermicompostagem no tratamento mecânico e biológico dos RSU’; e seis do projecto ‘Recuperação e valorização de vidro a partir do rejeitado pesado do tratamento mecânico-biológico’.
  • Uma tese de final de curso, resultante do projecto ‘Separação mecanizada de granulados de plásticos da recolha selectiva’.

 

Do ponto de vista da aplicabilidade, de entre os projectos apoiados pela SPV, merecem destaque sobretudo dois: ‘Aplicação da vermicompostagem no tratamento mecânico dos RSU’ e ‘Ecoacustic’. No primeiro caso, foi fundamental o apoio da SPV para testar uma tecnologia em Portugal, que se mostrou um sucesso, tendo sido depois aplicada nos Açores. No entanto, a inactividade da empresa proponente, a Lavoisier, acabou por limitar a expansão desta tecnologia a outras regiões. No segundo caso, os excelentes resultados permitiram que a Extruplás se candidatasse a fundos do programa Portugal 20/20, de modo a prosseguir para uma fase mais avançada com vista à produção à escala industrial de travessas de caminho-de-ferro recorrendo à reciclagem de plásticos mistos.

De igual modo, também constituem produções relevantes os softwares produzidos nos três seguintes projectos: ‘Estudo da componente de reciclagem orgânica’, ‘Modelo de avaliação de desempenho de sistemas de gestão de materiais recicláveis’, e ‘PoVeRe – Política verde para os resíduos de embalagem’.

Também merece destaque a produção de uma patente em 2005, no decurso do projecto ‘Tratamento e valorização de resíduos plásticos para reciclagem química à escala laboratorial’, através do registo no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual por parte de investigadores do então Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN). No entanto, a sua aplicabilidade foi condicionada pelos normativos, entretanto aprovados pela Comissão Europeia, que deixaram de permitir que a aplicação de tecnologias similares às desenvolvidas pelo ITN fosse considerada ‘reciclagem’.

Outros projectos tiveram também uma importância significativa. Salientam-se: ‘Avaliação do ciclo de vida das embalagens em Portugal’; ‘Estudo da componente da reciclagem orgânica’; ‘Modelo de avaliação de desempenho de sistemas de gestão de materiais recicláveis’; ‘Benchmarking de diferentes sistemas de recolha de RSU’; e ‘Guia Prático – indicadores técnicos, económicos e sociais’.

Deste modo, com os seus programas de I&D desde 1999, actualmente em consolidação com o Ponto Verde Open Innovation, a SPV mostra o seu papel de protagonismo nos destinos do sector ao integrar políticas de investigação com parcerias empresariais, autárquicas e académicas.

As conclusões da avaliação apontam no sentido de uma maior exploração das dimensões sociais da problemática dos RU e de um reforço da ligação às universidades com vista a uma melhoria do desenho de medidas e da eficácia das políticas e programas próximos futuros.