Foi a conspiração militar do MFA e o período revolucionário de 1974-76 a que ela abriu, involuntariamente, as portas um fenómeno inevitável na História portuguesa, a via possível para acabar com a Guerra Colonial e construir a Democracia? Ou teria sido possível uma transição à espanhola do marcelismo para um regime democrático, na qual os detentores do poder ditatorial cederiam voluntariamente o poder negociando com sectores escolhidos da oposição democrática? Por outras palavras, terá havido um modelo português de transição para a Democracia?
Estas são algumas das questões para as quais este livro pretende contribuir com algumas respostas. Nele se recolhem as comunicações apresentadas ao Colóquio Portugal: 30 anos de Democracia, 1974-2004, organizado pelo Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos 30 anos do 25 de Abril (30.9-1.10.2004), no qual participaram algumas das figuras centrais dos últimos vinte anos de estudo sobre o processo português de construção da Democracia, desde Fernando Rosas a Fernando Catroga, passando por António Costa Pinto, Joaquim Azevedo e alguns estudiosos que a partir do exterior interpretam a realidade portuguesa (Josep Sánchez Cervelló e Abdoolkarim Vakil), em conjunto com os professores da UP José Madureira Pinto, Virgílio Borges Pereira, Manuel Loff e Maria da Conceição Meireles Pereira.