projeto

Data de início: 1/3/2012

Data de conclusão: 1/2/2015

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Agricultura em Portugal: Alimentação, Desenvolvimento e Sustentabilidade (1870-2010)

O projecto desenrola-se em três partes.

A primeira é instrumental e visa a construção de quatro bases de dados, que possibilitem sistematizar, analisar e divulgar informações essenciais para o desenvolvimento dos estudos acerca da agricultura portuguesa (1870-2010). Uma reúne os principais indicadores económicos e sociais, relacionados com bens agrícolas, desagregados por sectores de actividade, subsectores produtivos e regiões. Outra organiza os diplomas legais promulgados para as várias vertentes da produção, transformação, comércio e consumo de bens agrícolas. Outra agrupa as instituições que enquadraram as actividades agrícolas ao longo do período estudado, contemplando os serviços do Estado, os organismos corporativos e as organizações da sociedade civil.

Por fim, a quarta base de dados é um inventário de fontes secundárias (imprensa agrícola, relatórios, pareceres, etc.), grande parte das quais produzida por diferentes departamentos do Estado, organismos corporativos e instituições universitárias. Muitas destas fontes, com informações inéditas, encontram-se dispersas por pequenas bibliotecas e centros de documentação, sendo ainda pouco conhecidas da generalidade dos investigadores. A experiência dos membros da equipa, que conjuga especialistas em diferentes disciplinas e em curtos períodos históricos, permite superar as lacunas existentes e seleccionar as informações mais pertinentes.

A diversidade dos dados reunidos, associada à abrangência cronológica e espacial, confere grande utilidade a estes instrumentos de trabalho, constituindo-os como um avanço na historiografia portuguesa contemporânea. As quatro bases de dados ficarão disponíveis para a comunidade científica portuguesa e internacional no website. A segunda parte do Projecto envolve a análise destas bases de dados e das informações recolhidas, através de outras metodologias, por parte dos membros da equipa. Essa análise está orientada para elucidar as incidências nacionais de três principais questões, cujos debates académicos internacionais em curso requerem renovados esclarecimentos de carácter histórico e geográfico. Uma prende-se com as condições de produção, oferta e custos de bens alimentares. É necessário relacionar essas condições com as orientações das políticas públicas (associadas à soberania alimentar e à inserção nas dinâmicas dos mercados internacionais), as propostas de modernização da agricultura, as especificidades agro-ecológicas nacionais, os níveis de vida e as preferências dos consumidores portugueses. Outra questão decorre da avaliação dos contributos do sector primário para o crescimento económico e o desenvolvimento geral do país.

Apresentado como periférico e atrasado, até aos anos 60 do século XX a agricultura foi o principal contribuinte para o produto interno bruto, é já conhecida a cronologia das diferentes conjunturas económicas, mas ignora-se quase tudo acerca das diferenciações regionais. Torna-se, igualmente, necessário avaliar historicamente os impactos da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (1986) e da aplicação da política agrícola comum. Outra, finalmente, exige que se tenha em consideração como a historicidade de práticas sustentáveis, desde a produção ao consumo de bens agrícolas, está relacionada com as políticas públicas e o desenvolvimento. A terceira parte prende-se com os contributos deste projecto para a renovação da historiografia sobre a agricultura e a sociedade rural portuguesas. E, ainda, para aprofundar a dimensão comparativa no quadro europeu e mundial. Primeiro, com a construção de quatro bases de dados com informações estratégicas para alicerçar futuros estudos e cuja carência se faz sentir a diferentes níveis.

A sistematização destas informações é tanto mais importante quanto faltam para Portugal (ao contrário do que acontece para Espanha, França, Itália e Inglaterra, por exemplo) obras de síntese gerais ou subsectoriais dedicadas à agricultura. E, também, porque não existe um roteiro de fontes primárias, ignorando-se, em grande parte, o paradeiro desta documentação para o período contemporâneo. Segundo, com a inserção nos debates académicos nacionais e internacionais, nos quais a agricultura tem vindo a readquirir centralidade. Essas conexões estão favorecidas pelas diferentes formações disciplinares dos membros da equipa e pela participação em conferências, projectos e redes científicas nacionais e internacionais, em funcionamento há décadas (Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais, Associação Portuguesa de História Económca e Social, Eeuropean Society for Rural Sociology, International Economic History Association) ou recentemente constituídas (RuralRePort-Rede de História Rural em Português,Rural History European Organization).

Projecto Agricultura em Portugal: Alimentação, Desenvolvimento e Sustentabilidade (1870-2010)  – PTDC/HIS-HIS/122589/2010 – Financiado pela FCT