projeto

Data de início: 1/3/2008

Data de conclusão: 31/12/2012

RISKAR LX: Avaliação do Risco associado à Poluição Atmosférica em Lisboa

A ciência da epidemiologia tem produzido considerável prova que evidencia a relação entre condições sociais de existência, concentrações de alguns poluentes atmosféricos e determinados indicadores de impacte na saúde humana. No entanto, a avaliação dos efeitos na mortalidade e morbilidade da população da cidade de Lisboa é ainda incipiente.

O projecto RISKAR LX procura colmatar esta lacuna, identificando e caracterizando os diferentes perfis de vulnerabilidade à poluição atmosférica em Lisboa. Deste modo, as interacções entre risco ambiental, distribuição territorial, efeitos mensuráveis na saúde atribuídos à exposição ao risco e características sociográficas da população exposta, bem como a percepção social do risco e a capacidade de (re)acção dos indivíduos (comportamentos e atitudes) diante dele constituem o núcleo central das questões que se pretende explorar.

Objectivos:
A vertente sociológica do projecto RISKAR LX pretende recolher, sistematizar e analisar informação que contribua para responder a duas perguntas essenciais:

1. Como concorrem e interagem padrões sociais, condições ambientais e especificidades territoriais na configuração dos diferentes perfis de vulnerabilidade à poluição atmosférica urbana?

2. E, se perspectivado sobretudo enquanto artefacto social, mais do que científico, tecnológico, económico ou político, que lugar têm ou podem ter variáveis sociais como género, grupo etário, grau de escolaridade, ocupação profissional, classe social, local de residência e de trabalho, entre outras, na exposição ao e na consciencialização do risco?
State of the art:
A necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os efeitos na saúde humana resultantes da exposição à poluição atmosférica tem impulsionado a realização de diversos estudos por parte da comunidade científica. A abordagem sistemática de eventos de morbilidade e mortalidade, no âmbito da saúde pública, e sua relação com a avaliação e gestão da qualidade do ar, bem como com as condições sociais de existência prevalecentes nas áreas de incidência, tem sido uma área de estimulante investigação. Estes estudos têm por base a recolha e análise de indicadores de efeitos na saúde e também das concentrações de poluentes atmosféricos a que a população está exposta. Desta forma, permitem determinar curvas de exposição-resposta, as quais reflectem os efeitos expectáveis para a generalidade da população que resultam de uma determinada concentração de poluentes atmosféricos no ar ambiente. Este tipo de análise permite a reavaliação dos níveis de risco e, como consequência, a redefinição dos valores-limite para estes poluentes. A sua relevância ultrapassa assim o conhecimento científico sendo vital como elemento de suporte à decisão. Ora, como se defende na Carta de Atenas (1998), a melhoria (e defesa) da saúde ao nível local surge inequivocamente associada aos princípios de equidade, sustentabilidade, cooperação intersectorial e solidariedade. Trata-se, portanto, de um problema que carece de uma abordagem integrada e interdisciplinar que possa dar conta desta rede imbricada de interrelações. A ciência da epidemiologia tem produzido considerável prova que evidencia a relação entre as concentrações de alguns poluentes atmosféricos e determinados indicadores de impacte na saúde humana. Um dos documentos mais relevantes neste campo foi o estudo desenvolvido por Pope et al. (1995). Pela sua dimensão, este estudo contribuiu para o aumento da sensibilização pública acerca dos efeitos das partículas atmosféricas na saúde humana. Em paralelo, veio definir novos níveis de risco associados à exposição quotidiana a este poluente, servindo de base para a revisão da legislação norte-americana. Outros estudos, desenvolvidos por autores como Dockery et al. (1993) ou Schwartz (1993), vieram dar mais consistência a este novo enquadramento. Também a Europa tem estado bastante activa neste domínio, tendo sido publicada uma meta-análise, com o apoio da Organização Mundial de Saúde, que compila vários estudos epidemiológicos sobre os efeitos da exposição a micro-partículas na saúde humana (WHO, 2004). Em Portugal a insuficiência de dados, em particular de indicadores de impacte na saúde, estruturados e disponíveis de forma sistemática justifica as lacunas de informação epidemiológica existentes. Estas lacunas foram, pelo menos parcialmente, identificadas no decurso de um projecto designado por ?Diagnóstico e metodologia para o estudo dos efeitos das partículas finas na saúde humana em Lisboa?. Este estudo, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, foi desenvolvido por parte da equipa proponente deste novo projecto, sendo o seu resultado a proposta de uma metodologia de recolha e avaliação dos efeitos da exposição humana a partículas atmosféricas. A aplicação desta metodologia, desta feita com a integração de uma vertente sociológica que permite uma abordagem conjunta dos vários factores em presença (ambientais, sociais, económicos?), será o ponto de partida desta nova proposta.

Publicações Associadas:

Projecto “Riskar Lx – Avaliação do Risco Associado à Poluição Atmosférica em Lisboa”, alguns resultados

Riskar Lx – Qualidade do Ar na Cidade – Poluição atmosférica, perceções e vulnerabilidades em Lisboa