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Hábitos Privados Práticas Públicas. O Lixo no Quotidiano
2013

Tipo de Publicação: Tese

Valente, Susana (2013). Hábitos Privados Práticas Públicas. O lixo no quotidiano. Tese de doutoramento em Ciências Sociais. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Apesar do muito que já se avançou em Portugal no âmbito das políticas públicas de resíduos urbanos, estas continuam a revelar-se insuficientes para conseguir o desvio do aterro como destino final e assim atingir as metas. A presente pesquisa parte de uma visão sobre o lixo enquanto problema ambiental, ao qual as políticas públicas procuram dar resposta e, para isso, a participação da população revela-se um elemento essencial, sobretudo na separação do lixo doméstico para reciclagem.

A pesquisa é orientada por três objectivos: 1) analisar a articulação / desarticulação entre a produção de resíduos urbanos, a abordagem das políticas públicas e a sensibilização da opinião pública; 2) contribuir para identificar formas de aproximação entre cidadãos e entidades públicas locais, que favoreçam uma participação social efectiva nas políticas públicas; e 3) analisar as práticas quotidianas da relação com o lixo na esfera doméstica. Estes
objectivos são atravessados analiticamente por uma dimensão da ordem do privado (práticas domésticas e satisfação residencial) e por uma dimensão da ordem do público (relação cidadãos-entidades públicas e envolvimento local).
Atendendo à importância do “local” no âmbito destas práticas, em particular as características materiais da envolvente residencial na vivência do quotidiano, optou-se por centrar a pesquisa no concelho de Sintra, abrangendo diversos tipos de localidades.

Para dar resposta aos objectivos, optou-se pelo enfoque na escala de espaço-tempo do
quotidiano e por uma visão integrada, em que se destaca a importância da interacção e dos contextos.

Assim, a abordagem analítica incide na diversidade do conceito de lixo no quotidiano; nas práticas e dinâmicas familiares em torno do lixo; nos lugares que este ocupa no espaço doméstico; nos momentos de transmutação de um hábito privado para uma prática pública, que ocorrem nos equipamentos colectivos do sistema de recolha de resíduos; e, por fim, na capacidade de participação pública e de assumir uma responsabilidade partilhada entre cidadãos e entidades que têm um lixo comum a tratar.