publications

Agricultura Biológica – Regulação, Protagonistas e Valores Sociais

2005

A decisão de enveredar pelos métodos alternativos da Agricultura Biológica dependerá da necessidade, mais ou menos sentida pelos agricultores, de explorar opções que possam responder satisfatoriamente aos problemas provocados por práticas e técnicas ditas convencionais, mas, também, da confiança de que seja esta a melhor alternativa para o futuro, quer do ponto de vista económico-financeiro (onde se pesam os prós e os contras de investimentos que se podem revelar de risco), quer do pondo de vista ético (onde pesam os novos valores ecológicos que reequacionam posicionamentos produtivistas mais antropocêntricos).

A presente investigação tem assim por objecto uma aproximação às formas como abraçam os agricultores os propósitos implícitos no modo de produção biológica, focalizando, nomeadamente, em que medida se mostram importantes para as suas opções:

i) as representações sociais sobre preservação ambiental, os novos valores ecológicos e a consequente mudança de atitudes para com o ambiente,

ii) as dinâmicas e oportunidades de mercado impulsionadas por consecutivos alarmes sociais em torno da segurança alimentar,

iii) os instrumentos e as políticas criados para fomentar a qualidade alimentar e integrar a preservação ambiental nas
explorações agrícolas que, no caso português, decorrem em grande medida da regulação internacional e europeia, mas não deixam de depender de medidas nacionais de implementação e

iv) o papel desempenhado pelas associações e pelos
operadores de certificação no desenrolar e na implementação dessas políticas. Para tal, a análise sustenta-se na informação que tem vindo a ser disponibilizada sobre estes métodos alternativos de exploração agrícola (por entidades e associações nacionais e internacionais) mas socorre-se, sobretudo, dos dados recolhidos através de um inquérito por questionário aplicado em 2003 aos agricultores convertidos ao Modo de Produção Biológico.