Tendo como ponto de partida a construção social dos usos da energia e o seu reflexo no sector doméstico, esta tese procura explorar as razões subjacentes à discrepância que parece existir entre a produção e apropriação do conceito de eficiência energética integrado em linhas estratégicas de carácter estatal ou privado, e a sua efectiva implementação expressa em políticas públicas, em medidas de gestão por parte de agentes privados ou em práticas por parte dos actores sociais individuais. Neste contexto, o enfoque desta análise parte de um dos temas centrais do debate no seio da teoria sociológica – a relação entre agência e estrutura – conjugando-o com abordagens teóricas como a modernização ecológica, enquanto enquadramento para a integração central do conceito de eficiência energética na organização da sociedade no presente, e a teoria da prática, que nos permite explorar e integrar as dimensões de agência e estrutura no desenhar de práticas quotidianas que requerem o uso de energia. Integrando metodologias quantitativas e qualitativas e conjugando uma análise abrangente, tendo por base uma amostra de famílias, com o aprofundamento de dois estudos de caso – um sobre iluminação e outro sobre climatização – procurase aferir a forma como a articulação entre agência e estrutura no seio das práticas quotidianas pode potenciar um uso mais eficiente da energia no sector doméstico e até que ponto as influências que exercem são reconhecidas pelos diferentes agentes sociais.