Ainda que as energias renováveis tenham merecido nas últimas décadas um amplo consenso social e político, estão
amplamente documentados casos de oposição local a parques eólicos. A literatura desta área é fértil em estudos
de caso sobre a resistência das populações à implantação de parques eólicos em determinadas localizações (Woods, 2003; Warren et al., 2005; Eltham, Harrison &A llen, 2008; Aitken, 2009; Devine-Wright & Howes, 2010). Esta resistência tem sido motivada pela preocupação com questões como o ruído, a poluição, os efeitos sobre a saúde, os impactos sobre a fauna (sobretudo aves e morcegos), mas também com a perceção de que os aerogeradores arruínam as paisagens rurais e ameaçam o património natural e cultural, tendo consequências não só simbólicas mas também económicas sobre o turismo e o valor das propriedades.
Em Portugal, apesar de a literatura sobre conflitos ambientais já ser relativamente extensa (veja-se o artigo de síntese de Figueiredo & Fidelis, 2003) e de alguns casos, como a co-incineração de resíduos perigosos, terem merecido particular atenção, apenas foi identificado um estudo publicado sobre parques eólicos, sobre o caso do proposto (e rejeitado) para o Parque Natural de Montesinhos (Afonso & Mendes, 2010).
Esta research brief destina-se a dar conta dos principais resultados de um estudo de caso exploratório sobre a controvérsia gerada pela implantação do parque eólico junto a Sortelha, no interior centro do país. Este estudo exploratório destinou-se não só a aprofundar o conhecimento sobre esta questão, mas também a testar instrumentos empíricos que serão mobilizados noutras fases do projeto em que se insere (análise das representações mediáticas sobre energias renováveis e estudos de caso locais sobre centrais solares e parques eólicos).
Publication associated with Project RENERGY.