Na “publicidade verde” as empresas alegam qualidades ecológicas dos produtos, embora muitas vezes estas não possam ser realmente comprovadas ou a informação fornecida seja insuficiente para o efectivo esclarecimento do consumidor. É o caso de menções como “produto amigo do ambiente”, “protege a natureza”, “100% natural” ou “não poluente”. O criticismo gerado pelos abusos praticados conduziu a que diversos autores apelidassem o fenómeno de greenwashing (Westerveld, 1986), sugerindo uma camuflagem de produtos convencionais com uma errónea imagem de impactos ambientais reduzidos. O cepticismo desenvolvido relativamente a este tipo de marketing poderá explicar o decréscimo na «publicidade verde» a partir de meados dos anos 90 (Corbett, 2002; Hansen, 2002). Mas nos últimos anos a atenção pública internacionalmente dada aos problemas relacionados com as alterações climáticas e à crise energética parece ter motivado um recrudescimento deste género de publicidade, sobretudo com recurso a argumentos relativos ao consumo de energia e à redução de emissões de gases com efeito de estufa (Alexandre e
Horta, 2011). Neste trabalho analisam-se os argumentos veiculados nos anúncios publicitários considerados «verdes», identificando as estratégias de greenwashing centradas na eficiência energética e na redução de emissões com impacto nas alterações climáticas. A análise realizada incidiu numa amostra representativa de todos os anúncios com aqueles argumentos inseridos na revista de informação geral semanal Visão, de 2007 a 2011.