Tendo em conta o movimento de mudança que se vai delineando, quer no sentido de uma maior intensificação do papel do sistema escolar na formação ambiental dos cidadãos, quer no sentido de uma maior articulação, senão mesmo fusão, da educação ambiental com outras áreas da educação para a cidadania, pretende-se, com este artigo, fazer uma caracterização e balanço do papel das organizações não-escolares, governamentais e não governamentais, privadas e públicas, na educação ambiental em Portugal.
A análise tem por base um inquérito sistemático a organizações promotoras de iniciativas e projectos educativos englobáveis numa noção alargada de educação ambiental ou educação para o desenvolvimento sustentável, mas actuando a partir do exterior do universo institucional do sistema educativo formal. Procurou-se, assim, fazer uma caracterização analítica do contributo dessas organizações não-escolares para o tipo de educação ambiental e para o desenvolvimento sustentável que se faz hoje em Portugal, dirigindo a atenção para o modo como elas se posicionam no movimento de mudança que nesta esfera desponta, sem esquecer de olhar também para as dificuldades e estratégias de afirmação destas organizações no campo de acção social. Por ser central à problematização da educação ambiental discutida no artigo, dá-se especial relevo à análise da tematização das acções educativas e formativas desenvolvidas por estas organizações, perscrutando até que ponto a educação ambiental por elas levada a
cabo se aproxima ou distancia de uma concepção mais centrada na ideia de cidadania.