A poluição hídrica não é um problema recente, nem um exclusivo das sociedades industrializadas, embora seja
nestas que atinja maior dimensão e gravidade. Do mesmo modo, não se circunscreve a uma região. Afecta um
país, um continente e pode reflectir-se na qualidade da água de todo o planeta. A diferença é que durante
milénios os rios transportaram efluentes sem que tal resultasse em qualquer dano, principalmente em rios de
maiores dimensões. O agravamento deste problema, decorrente da Revolução Industrial, deve-se ao aumento
de efluentes produzidos e à incapacidade dos rios se regenerarem de forma natural para assim absorverem os
caudais excedentários não tratados. Na origem desta alteração estiveram profundas transformações de escala
no sistema produtivo e o rápido crescimento demográfico, agravado pela concentração das populações em
grandes metrópoles e na faixa litoral dos continentes, paralelamente ao despejo sem tratamento de efluentes
com origem na indústria e extracção mineira. Associado a tudo isto, a falta de recolha e tratamento dos
esgotos urbanos é provavelmente o tema ambiental mais preocupante e urgente desde o do séc. XIX, não só
pela poluição gerada e pela degradação da qualidade de vida, mas também devido às suas implicações na
saúde das populações e às desigualdades de acesso a estes serviços