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Educação Ambiental – Balanço e Perspectivas para uma Agenda Mais Sustentável
2010

Tipo de Publicação: Livro

Schmidt, Luísa, Nave, Joaquim Gil, Guerra, João (2010). Educação Ambiental. Balanço e Perspectivas para uma Agenda mais Sustentável. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

O livro analisa a situação da Educação Ambiental e para o Desenvolvimento Sustentável (EA/EDS) a partir de dois inquéritos nacionais – um aplicado à totalidade das escolas do ensino básico e secundário, outro a um conjunto de organizações não escolares (estatais, privadas e associativas). Os dados inéditos recolhidos permitiram discutir e avaliar a EA/EDS que se faz hoje em Portugal (incluindo o seu percurso histórico) e o papel que ela tem desempenhado na formação de uma cidadania preparada para a(s) crise(s) ambiental global e outras.

De acordo com os resultados, a EA/EDS caracteriza-se por ser mais ‘vertical’ do que ‘transversal’, permanecendo demasiadas vezes confinada à turma sem envolver a comunidade escolar (auxiliares de acção educativa, professores, alunos) e muito menos a comunidade extra-escolar (pais, autarquias, empresas locais). Isto apesar de alguns bons exemplos, que existem e poderiam ser replicados. Este livro foi lançado no Dia Mundial da Água, sendo este um dos temas mais trabalhados nos projectos de Educação Ambiental (77,1%) – só ultrapassado pela questão dos RSU com 77,6%, e logo seguido pela conservação da natureza (71,4%). Em contrapartida, temáticas tão relevantes para o desenvolvimento sustentável como as da saúde ou da solidariedade social, tendem a ficar de fora.

Importa também realçar, no que toca aos grupos-alvo dos projectos, o peso esmagador dos estudantes mais jovens (Ensino Pré-escolar, 1º Ciclo do Ensino Básico e 2º Ciclo do Ensino Básico) face aos estudantes do secundário. Esta “infantilização” dos projectos de EA/EDS aponta para o carácter essencialmente recreativo e lúdico que tende a revestir estas actividades em Portugal. A este facto não será alheia a dificuldade de integração da EA/EDS nos programas escolares, que em parte resulta duma desarticulação institucional persistente entre os vários ministérios envolvidos. Um outro problema tem a ver com a falta de continuidade dos projectos de Educação Ambiental. Entre a
crónica falta de recursos e a descontinuidade de políticas de apoio e incentivo, o esquema de mobilidade no trabalho dos professores do ensino público leva a que, frequente, com a saída de determinado professor, o projecto acabe por se extinguir.

Em resumo, defende-se neste livro que as escolas deveriam tornar-se verdadeiros exemplos de inteligência ambiental, conferindo à Educação Ambiental o carácter transversal e mobilizador que pode e deve ter. Tal implica uma reforma a vários níveis, incluindo o das infra-estruturas. Sem surpresa, são as escolas que dispõem de mais equipamentos – laboratórios, ginásios, bibliotecas – as que desenvolvem maior número de projectos de EA/EDS. A actual dinâmica de reconstrução e melhoria de equipamentos nas escolas seria, pois, um momento oportuno para uma tal viragem.

Publicação associada ao Projecto Educação Ambiental – Balanço, Oportunidades e Perspectivas