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Que economia queremos?

2014

No final dos anos 60 e no início da década seguinte do século passado, livros como The Year 2000 (Kahn e Wiener, 1968), Future Shock (Toffler, 1970), The Limits to Growth (Meadows et al, 1972) ou Redesigning the Future (Ackoff, 1973), entre outros, pronunciaram-se sobre futuros desejados ou possíveis, num quadro de transformações que punham em causa a viabilidade de muitas das tendências económicas e sociais prevalecentes. Sobretudo após a crise desencadeada pelo primeiro choque petrolífero, em 1973, generalizou-se o recurso à afirmação, produzida anos antes pelo filósofo Maurice Blondel, de que «O futuro não se prevê, constrói-se». Fourastié anuncia, em 1979, o fim dos “30 anos gloriosos” posteriores à Segunda Guerra Mundial (1945-75).

Multiplicam-se as análises prospetivas, que rompem com os conceitos moder‑nos de progresso linear e de futuro previsível. «O futuro já não é o que era», célebre frase de Paul Valéry, torna-se de novo uma ideia recorrente entre as elites académicas, políticas e económicas. Cerca de 40 anos mais tarde, vivemos um novo período de turbulência, acompanhado por uma intensa produção de documentos estratégicos e prospetivos. Múltiplos cenários alternativos são apresentados, uns normativos outros exploratórios, mas todos sublinhando a necessidade de introduzir alterações mais ou menos profundas nas sociedades e nas economias de hoje.

Organizações internacionais e empresas, universidades e autoridades nacionais, think-tanks e entidades do terceiro setor, têm vindo a sugerir caminhos alter‑ nativos, futuros desejados, novos princípios orientadores para as economias e as sociedades do futuro.