Este trabalho exploratório está enquadrado no âmbito dos projectos Painel do Programa OBSERVA, e como tal, privilegia os métodos qualitativos de recolha de dados. Neste sentido tanto os métodos como as técnicas traduzem um intenção de aprofundamento de determinadas temáticas que foram extensivamente levantadas no Inquérito de 1997. No que concerne à temática em estudo, as questões sobre alimentação e, concretamente, o consumo de produtos “alternativos” foi brevemente enunciada.
Todavia, tornou-se num imperativo perceber de que forma a oferta de produtos “alternativos” estava estruturada e regulamentada dentro do mercado alimentar português para compreender os constrangimentos ou potencialidades que os consumidores encontram relativamente à procura de produtos no mercado (preço, acessibilidade, variedade, etc.). Deste modo, tivemos que proceder ao levantamento de documentação e à realização de entrevistas exploratórias a agentes e observadores privilegiados bem informados sobre a estrutura deste tipo de oferta.
Quanto ao levantamento de documentação percorreram-se as seguintes etapas:
1) Levantamento de legislação que regulamenta a produção, comercialização, certificação e controlo dos diversos tipos de produtos “alternativos”. Para tal a Direcção Geral de Desenvolvimento Rural, o Instituto do Consumidor, a Deco, o
Observatório do Comércio do Ministério da Economia, o Ministério do Ambiente, foram as entidades privilegiadas para obter estes dados.
2) Recolha e levantamento de informação noticiosa durante o período em que decorreu este projecto (1998-1999) veiculada pelos meios de comunicação social sobre as questões e polémicas recentes em torno da alimentação, os produtos biológicos, os organismos geneticamente modificados, os produtos tradicionais de qualidade, os produtos de protecção e produção integrada, os hábitos de consumo dos portugueses e o endividamento das famílias, as “vacas
loucas”, entre outros assuntos que estão documentados e organizados num pequeno dossier de imprensa. Este dossier serviu apenas como um complemento informativo inscrito na fase de recolha de documentação.
3) Contactos internacionais e participação em eventos. Foram estabelecidos alguns contactos internacionais com investigadores que têm trabalhado nesta área nos últimos anos. Consultaram-se artigos e livros desses autores tais como Gert Spaargaren, Bas van Vliet, Elizabeth Shove, Anna-Lisa Lindén, Asa Thelander, Christer Sanne, Bente Halkier e Alan Warde. Relativamente à participação em eventos como feiras, congressos ou escolas de verão (summer
schools) destacamos a Feira de Agricultura Biológica Ambiente e Qualidade de Vida (em Dezembro de 1998 e em Outubro deste ano), e que tem sido organizada pela Associação Nacional de Agricultura Biológica – a Agrobio desde 1988. Aqui estavam representados muitos promotores dos produtos tradicionais de qualidade e biológicos, proporcionando contactos privilegiados com aqueles agentes e a marcação de entrevistas. Um outro evento foi a exposição Mundo Rural, que se realizou entre 3 a 11 de Julho na Fil de Lisboa. A participação como oradora na 6ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, que teve lugar de 20 a 22 de Outubro de 1999, em Lisboa e onde se aproveitou a oportunidade para se estabelecer alguns contactos com investigadores que estudam as questões ligadas aos produtos geneticamente
modificados (OGM’s). A participação também como oradora na Conferência sobre Marketing Ambiental, organizada pela MGI, que se realizou de 15 a 16 de Dezembro do corrente ano, onde se apresentaram alguns resultados preliminares deste projecto e, finalmente, a participação numa Summer School subordinada ao consumo sustentável e vida quotidiana (Consumption, Everyday Life and Sustainability), realizada entre 21 e 26 de Agosto. Uma das sessões da Summer School subordinada ao tema dos ritmos de vida e mudança de consumos alimentares com impactos menos danosos no ambiente, foi leccionada pelo Prof. Alan Warde que tem dedicado grande parte do seu trabalho ao aprofundamento da investigação alimentar em Inglaterra. Todos estes eventos foram bastante profícuos para a recolha de dados relevantes o projecto. Embora já fora do prazo formal deste projecto, destaca-se ainda a participação no Congresso de Viena sobre Economia, Ecologia e Sustentabilidade, a realizar de 4 a 6 de Maio do ano 2000, onde se aproveitará a oportunidade para se divulgar os resultados desta pesquisa e dar assim continuidade à investigação e aprofundamento de uma área ainda pouco trabalhada no nosso país.
4) Realização de entrevistas exploratórias a agentes e observadores privilegiados neste campo desde entidades oficiais, passando por especialistas e investigadores até às entidades certificadoras de produtos “alternativos” (com destaque para os biológicos) de que o próximo ponto dará conta.
Publicações associadas ao projecto: “Consumos Verdes: Alimentação e Risco“
